Memórias de um sonho de verão
Que tal acordar em Ibiza num dia extremamente ensolarado e pensar: “hoje vou conhecer uma ilha lindíssima”? Tudo começou quando eu estava a trabalho no Oriente Médio e uma funcionária local da empresa para a qual eu trabalhava descobriu que eu iria de férias para a Espanha na seqüência. Então, muito saltitante, ela me disse: “você tem que ir à Formentera. Você nunca vai se esquecer de Formentera”.
Hmmm.. Já tinha ouvido falar do lugar, mas ela enfatizou tanto que, quando cheguei à Espanha, a primeira coisa que disse às minhas companheiras de viagem foi: vamos conhecer Formentera!
No dia em questão, nos levantamos, Lindinha abriu o cofre para pegar dinheiro e sei-la-eu-mais-o-quê e, passados alguns minutos, o cofre continuava aberto. Então perguntei a Docinho se eu podia fechá-lo, mas ela me pediu para esperar, porque talvez precisasse retirar algo de lá.
Nos arrumamos, pegamos todos os trapos que só uma mulher pode achar úteis para levar a um passeio de um dia numa ilha e zarpamos, felizes da vida.
Só consigo me lembrar de uma coisa muito peculiar: era período das Olimpíadas, estávamos no barco de travessia e havia uma pequena TV onde eu (Florzinha, já que sou ruiva) assistia a um jogo de vôlei do Brasil, no meio de Docinho e Lindinha, que dormiam calmamente. Foi quando me lembrei de outra coisa, ainda mais peculiar: o cofre! Quem fechou o cofre? Bem, ele foi fechado? Ai! E, muito educada que sou (ou era, pelo menos), esperei que a primeira não-mais-tão-superpoderosa-assim abrisse os olhos. Foi Lindinha.
Perguntei, com toda a tranqüilidade de quem pode ouvir um sim, ou a angústia desesperada de quem pode ouvir um não (agora imagino o nervoso de quem fica no altar): “você fechou o cofre?”. Nisso Docinho também abriu os olhos. E... Adivinhem? Nenhuma das duas se lembrava. Talvez ouvir o não tivesse sido melhor. A dúvida mata, rs.
Docinho, sentindo-se responsável pela situação, disse que pegaria o primeiro barco de volta e iria até o hotel para ver o que tinha acontecido. Nervos à flor da pele.
Quando chegamos à famosa ilha, a primeira coisa a fazer foi comprar o bilhete de volta para Ibiza. Mas, como a desgraça nunca vem sozinha, o próximo barco só sairia às 15h. Eram 11h. Bom, tentamos relaxar e gozar. Mas confesso que estava difícil.
Havia um ônibus que chegava no mesmo horário do barco e levava os turistas para as praias principais. Mas nós perdemos o ônibus enquanto Docinho tentava encontrar um modo de voltar para Ibiza. O próximo ônibus só em uma hora. Então sugeriram o aluguel de uma bike: mas eu estava com problemas no joelho e proibida pelo médico de pedalar. Argh! Resumo da ópera: resolvemos caminhar. Disseram que rapidinho chegaríamos à primeira praia.
Caminhamos, caminhamos e caminhamos... E só víamos uma espécie de terra cercada por uma água escura, devido às nuvens que começavam a encobrir o sol.
To make a long story short, chegamos a uma praia, finalmente, mas que devia ser a mais feinha de todas. Talvez a menos bela, mas naquele estado de ânimo em que nos encontrávamos, era difícil ver beleza em algo.
Nos deitamos lá por uma hora, mais ou menos, quando, de repente, me dei conta de que era uma praia de nudismo. E vi uma das imagens mais impressionantes da minha vida: um homem enorme (e olha que estou sendo boazinha), quase careca, mas com um rabinho-de-cavalo para mostrar que ainda lhe sobrara alguma dignidade (será?), vindo, pela água, em nossa direção. E tudo o que eu mais queria era não poder enxergar o que ele tinha esquecido de esconder. Para minha sorte, a banha devia esconder tudo, pois não me lembro de ver mais nada – chega de sustos por hoje, ou não?
Então resolvemos nos despedir da praia e caminhar mais um pouco. Mas não havia ônibus, carro, nada, nem ninguém que pudesse nos ajudar. Me lembro de passarmos por lugares lamacentos, onde nossos chinelos grudavam e, olhando adiante, parecia não haver nenhum ponto de chegada. Como quando se está num barco no meio do mar – só faltava o barco, mas estávamos lá no meio mesmo.
Finalmente, depois de não conhecermos nada da ilha, resolvemos voltar para Ibiza. Mas a essa altura do campeonato, nem nos preocupamos em voltar para o hotel. Fomos comer primeiro.
Ah, devo contar que tinhamos um código: como havia um banheiro no apartamento e éramos três mulheres, uma subia e as outras usavam os banheiros do lobby.
Foi assim que um segredo morreu com Docinho: nunca saberemos se ela fechou o cofre antes ou depois de Formentera. Mas o importante é que nossos passaportes-superpoderosos e também nosso dinheiro estavam lá!
E, para finalizar, tenho que admitir: como previsto pela minha “colega de trabalho”, nunca me esquecerei de Formentera...
3 comentários:
Hahahahaahah!!
Que máximo!! Olha... se não fosse com você, talvez o passeio teria sido uma desgraça... mas como o bom humor de Eri sempre prevalece... com certeza, rendeu boas risadas!
Estou adorando passear por aqui e visualizar você contando esses "causos" ao vivo e dando gargalhadas!
Bjs!!!!!
Oiê!
Que bom que você gostou!
Vc sabe que eu sou cheia dessas histórias, né? :) Só preciso me lembrar de todas elas...
Continue contribuindo!
Beijos
Aiii..daqui a pouco vou ler esse...! rsrsrs
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